O processo natural de envelhecimento é uma realidade para todos os seres humanos. No entanto, muitas vezes, pessoas mais velhas são alvo de discriminação, sendo vistas como incapazes ou inferiores. Esse fenômeno, conhecido como etarismo, infelizmente ainda prevalece no ambiente de trabalho.
Por isso, este artigo aborda como combater o etarismo nas empresas, explorando suas definições e impactos no mercado de trabalho. Vamos examinar de que forma essa prática negativa afeta a sua empresa e como podemos enfrentá-la eficazmente. Vamos nessa?
Sumário
O que é etarismo?
O etarismo, ou ageismo, é o preconceito, discriminação ou estereotipagem baseada na idade de uma pessoa. Essa forma de intolerância pode se manifestar tanto contra pessoas mais velhas, que são frequentemente vistas como menos capazes de realizar certas atividades, quanto contra pessoas mais jovens, que podem ser consideradas inexperientes.
O etarismo pode manifestar-se tanto em atitudes individuais quanto em políticas e práticas organizacionais. Um estudo da American Psychological Association (APA) destaca a gravidade dessa questão, afirmando que a discriminação por idade deve ser combatida com a mesma seriedade que outros tipos de preconceito, como os baseados em gênero, raça ou condição social.
A pesquisa da APA revela que os estereótipos negativos associados ao envelhecimento resultam em tratamentos injustos e, por vezes, cruéis para com os adultos mais velhos. Esse problema se torna ainda mais alarmante ao considerar o rápido envelhecimento da população mundial. Segundo a ONU, espera-se que o número de pessoas com mais de 60 anos atinja 1,4 bilhão até 2030.
Esse comportamento é inaceitável em qualquer contexto, especialmente considerando que o envelhecimento é um processo natural da vida humana. Por isso, combatê-lo é essencial para promover uma sociedade justa e inclusiva para todas as idades.
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O que é etarismo no mercado de trabalho?
O etarismo no mercado de trabalho é a discriminação ou preconceito contra trabalhadores com base em sua idade. Ou seja, o etarismo no ambiente de trabalho perpétua o estereótipo de que profissionais mais velhos são incapazes de desempenhar suas funções.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Hype50 no Brasil e publicada pelo G1, revelou que 39% dos profissionais brasileiros acima de 55 anos se sentem excluídos ou descartados do mercado de trabalho. Mas quais são as atitudes que evidenciam o ageismo nas empresas?
No ambiente corporativo, o etarismo pode se manifestar de várias formas, incluindo:
Contratação: quando há preferência por candidatos de determinadas faixas etárias, excluindo outros igualmente ou até mais qualificados;
Promoções e oportunidades de desenvolvimento: negligência em oferecer promoções ou treinamento a funcionários mais velhos, presumindo que não irão se adaptar ou permanecer por muito tempo na empresa;
Ambiente de trabalho: criação de um ambiente hostil ou desconfortável para funcionários de certas idades, por meio de piadas, comentários depreciativos ou isolamento, tais como “Não adianta ensinar, a idade não deixa aprender mais nada”, “Ele está muito velho para trabalhar. Por que não se aposenta logo?”;
Políticas de desligamento: desligar trabalhadores mais velhos antes de sua aposentadoria para contratar funcionários mais jovens, muitas vezes com salários mais baixos.
O combate ao etarismo nas empresas é fundamental para assegurar que um ambiente de trabalho que promova a diversidade e inclusão, onde todos os profissionais tenham iguais oportunidades de crescer e contribuir, independentemente de sua idade.
Até porque, com o aumento da expectativa de vida no Brasil, será cada vez mais comum ver pessoas acima dos 50 anos ainda ativas profissionalmente. Apesar de pouco discutido, especialistas consideram o etarismo um tema importante para líderes e equipes de RH.
Quais as consequências do etarismo no mercado de trabalho?
O etarismo afeta o mercado de trabalho de várias maneiras, impactando tanto os indivíduos quanto as organizações. No que diz respeito aos profissionais, o etarismo afeta as emoções, o psicológico e até mesmo a saúde física desses trabalhadores.
Sendo assim, a exclusão contínua e a marginalização com base na idade podem minar a autoestima, gerando insegurança e perda de confiança. Essa prática afeta de forma negativa o desempenho desse profissional e até mesmo da equipe.
Por outro lado, as empresas perdem talentos qualificados e experientes por causa desse tipo de preconceito. Além disso, a prática do etarismo contraria os princípios de diversidade e inclusão, fundamentais para a criação de um ambiente de trabalho equitativo e inovador.
A discriminação por idade pode levar a problemas legais para as empresas, incluindo processos judiciais e penalidades. Mesmo que não exista nenhuma lei que diz que o etarismo é crime, a CLT cita, no artigo 461, que todos os trabalhadores têm o direito de ganhar o mesmo salário independentemente do sexo, nacionalidade ou idade.
E por fim, a reputação da empresa pode ser prejudicada, afetando sua imagem perante clientes, investidores e potenciais talentos.
Quais as vantagens da diversidade de gerações no ambiente de trabalho?
A diversidade de gerações no ambiente de trabalho traz várias vantagens que podem beneficiar tanto as empresas quanto os funcionários. Aqui estão algumas das principais vantagens:
Troca de experiência entre gerações e variedade de perspectivas
Diferentes gerações trazem diversas experiências e pontos de vista. Isso pode levar a uma maior criatividade e inovação, já que problemas são abordados de várias maneiras.
Além disso, profissionais mais experientes podem atuar como mentores para os mais jovens, compartilhando conhecimentos acumulados ao longo da carreira. Ao mesmo tempo, os mais jovens podem trazer novas habilidades e conhecimentos tecnológicos para os mais velhos.
Melhoria na tomada de decisões
Como resultado do tópico anterior, a diversidade de pensamento e experiência pode levar a uma tomada de decisão mais equilibrada e informada. Grupos diversificados tendem a considerar uma gama mais ampla de fatores e potenciais impactos ao tomar decisões.
Adaptabilidade e Resiliência
Ambientes de trabalho multigeracionais tendem a ser mais adaptáveis e resilientes, pois combinam a estabilidade e a experiência dos mais velhos com a flexibilidade e a inovação dos mais jovens. Além disso, as pessoas aprendem a respeitar as diferenças, seja de idade ou outras.
Redução do turnover
A diversidade entre as gerações pode diminuir a taxa de turnover das empresas. Até porque, geralmente os profissionais mais velhos tendem a permanecer mais tempo na mesma empresa, ao contrário dos mais jovens.
Além disso, uma empresa humanizada, que valoriza todos os seus funcionários, aumentando a satisfação e a sensação de pertencimento, fortalecendo a lealdade à marca empregadora.
Sendo assim, a valorização de diferentes gerações cria um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, o que pode aumentar a satisfação dos funcionários e reduzir a rotatividade.
Melhora na reputação da empresa
A sociedade avalia cada vez mais as marcas pelas suas práticas e atitudes em relação à inclusão e ao meio ambiente, não apenas pela qualidade de seus produtos ou serviços. Portanto, uma imagem corporativa que valoriza a diversidade e a inclusão é fundamental para atrair e fidelizar clientes. Além disso, um employer branding positivo é crucial na competição por talentos, ajudando a empresa a atrair e reter os melhores talentos.
Promoção de uma Cultura Inclusiva
A diversidade e inclusão é um tema que está em alta no mundo corporativo e cada vez mais as empresas percebem a importância de uma cultura de inclusão. Essa prática promove um clima de respeito no local de trabalho, onde todos se sentem valorizados e reconhecidos por suas contribuições únicas.
Dessa forma, empresas que promovem a diversidade etária são vistas como mais inclusivas e produtivas, o que pode atrair talentos de todas as idades e melhorar a reputação da empresa no mercado.
Como lidar e combater o etarismo no mercado de trabalho?
Para combater o etarismo, é essencial que as organizações adotem práticas inclusivas de contratação, promovam uma cultura de respeito e valorização da diversidade etária, e invistam no desenvolvimento contínuo de todos os funcionários, independentemente de sua idade.
Sendo assim, lidar com o etarismo no mercado de trabalho requer ações conscientes por parte das empresas e dos indivíduos. Portanto, o RH tem um papel muito importante no combate ao etarismo. Aqui estão algumas estratégias eficazes:
Treinamentos e campanhas de conscientização
Oferecer programas de treinamento sobre diversidade etária e os impactos negativos do etarismo pode ajudar a mudar atitudes e comportamentos no local de trabalho. Além disso, promover campanhas internas que enfatizem a importância de valorizar todas as idades e destacar os benefícios da diversidade geracional.
No entanto, também é importante manter todos os funcionários cientes das mudanças no mercado de trabalho, as novas tendências e tecnologia, ou seja, investir no desenvolvimento pessoal e profissional dos seus funcionários.
Políticas e práticas inclusivas no processos de recrutamento e seleção
Adotar práticas de contratação que sejam inclusivas e não discriminem candidatos com base na idade. Isso inclui revisar descrições de vagas e critérios de seleção para eliminar vieses etários.
Por isso, crie oportunidades para que trabalhadores de todas as idades possam contribuir plenamente com suas habilidades e experiências, eliminando qualquer tipo de preconceito.
Criação de um ambiente saudável
A empresa, juntamente com o RH, precisa fomentar uma cultura organizacional que valorize e respeite a diversidade etária. Isso pode ser feito através de iniciativas que promovam a colaboração intergeracional.
Outra estratégia é oferecer condições de trabalho flexíveis que atendam às necessidades de diferentes faixas etárias, como horários flexíveis ou opções de trabalho home office.
Aposte nos feedbacks
É importante que o RH monitore regularmente as práticas e políticas da empresa para garantir que estejam promovendo a inclusão etária e fazer ajustes conforme necessário.
Por isso, o feedback dos funcionários e a pesquisa de clima são ações necessárias para identificar áreas de melhoria sobre a cultura de inclusão da empresa.
O que é o selo Age Friendly?
O Age-Friendly é um selo ou certificação que reconhece e promove comunidades, organizações ou empresas que ressaltam o compromisso às pessoas de todas as idades, especialmente focando nas necessidades e desafios enfrentados pela população mais velha.
Dessa forma, as iniciativas Age-Friendly podem incluir medidas como acessibilidade física, políticas de inclusão social, oportunidades de participação cívica, serviços de saúde e bem-estar adaptados às necessidades dos idosos e é claro, a contração de profissionais 50+.
Sendo assim, o objetivo é criar ambientes que permitam que as pessoas envelheçam com dignidade, segurança e qualidade de vida, incentivando a inclusão e a participação plena na comunidade e no mercado de trabalho.
Algumas empresas já conquistaram esse selo por incentivarem a recolocação de profissionais mais velhos.
Conclusão
Optar pela diversidade etária não só é uma atitude socialmente responsável, mas também uma estratégia inteligente para promover o crescimento sustentável das empresas. Com uma equipe diversificada, sua organização ganha acesso a uma vasta gama de experiências e perspectivas, fomentando a inovação, eficiência e produtividade.
Além disso, adotar práticas inclusivas solidifica sua posição como um agente de mudanças sociais positivas.
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