O descontentamento com o trabalho tem levado muitas pessoas a optarem por deixar seus empregos de forma voluntária. Uma pesquisa realizada pela LCA Consultores e publicada no Infomoney, revelou que durante o ano de 2022, mais de 6 milhões de profissionais solicitaram demissão, segundo dados do CAGED.
É evidente que as pessoas estão se preocupando mais com a saúde no trabalho, tanto física quanto mental. Além disso, elas também estão reavaliando a importância do trabalho em suas vidas e buscando mais tempo de qualidade.
Por outro lado, essa tendência está resultando no fenômeno conhecido como “quiet quitting” ou “demissão silenciosa”, o qual causa uma diminuição na produtividade e no comprometimento dos colaboradores nas empresas.
Assim, a demissão silenciosa se torna um dos novos desafios para os profissionais de RH. Então, se você está interessado em descobrir como lidar com o quiet quitting em sua empresa, continue a leitura e confira as nossas dicas!
Sumário
O que é a demissão silenciosa?
Também conhecido como “quiet quitting” ou “abandono silencioso”, a demissão silenciosa é um fenômeno no ambiente de trabalho em que os funcionários demonstram insatisfação e desengajamento, mas optam por não expressar abertamente seus sentimentos ou pedir demissão de forma explícita.
Em vez disso, eles permanecem no emprego, porém reduzem sua produtividade, comprometimento e envolvimento com as atividades da empresa.
Ao contrário de uma demissão tradicional, em que um funcionário comunica sua intenção de deixar a empresa formalmente, o quiet quitting ocorre de maneira discreta.
Os funcionários podem sentir-se desmotivados, e assim, negligenciam suas responsabilidades, demonstram falta de interesse em seu trabalho, evitam a colaboração com colegas ou apresentam uma atitude passiva e desinteressada.
As razões por trás do quiet quitting podem variar bastante, e veremos adiante quais são as principais causas da demissão silenciosa.
Quais são as causas do quiet quitting?
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Gartner, as motivações por trás das demissões podem estar relacionadas à empresa, à experiência de trabalho, ao mercado ou à vida pessoal.
De acordo com Analisa Brum, especialista em comunicação interna e endomarketing, em seu livro “Endomarketing de A a Z: como alinhar o pensamento das pessoas à estratégia da empresa”, a empresa é responsável por 50% da motivação de um colaborador.
Levando essa afirmação em consideração, é importante que a empresa invista em melhorias internas, como treinamento de gestores, implementação de benefícios e salários atraentes, além de oferecer um plano de carreira que demonstre interesse em desenvolver seus funcionários.
No entanto, nos últimos anos, houve a necessidade de expandir esse investimento para promover a saúde mental. A pandemia causou um aumento significativo nos casos de Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional.
Esse comportamento pode impactar negativamente a carreira do indivíduo e dificultar sua progressão na empresa.
Mas quais são as causas da demissão silenciosa? Especialistas, em estudos corporativos, identificaram algumas causas associadas ao surgimento do movimento de demissão silenciosa. Entre elas estão:
- Falta de propósito no trabalho;
- Rigidez nos horários de trabalho;
- Cultura organizacional ruim;
- Ambiente de trabalho desfavorável;
- Falta de oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional;
- Acúmulo de funções;
- Ausência de benefícios relacionados ao bem-estar;
- Falta de reconhecimento profissional;
- Falta de feedbacks;
- Excesso de carga de trabalho;
- Ausência de um ambiente de trabalho saudável;
- Desvio de funções;
- Ofertas melhores de trabalho;
- Busca de novas experiências profissionais.
Essas causas indicam que os profissionais sentem-se mais à vontade em empresas que valorizam o bem-estar, possuem uma boa cultura organizacional e um clima organizacional positivo.
Quais são os sinais da demissão silenciosa
Os sinais da demissão silenciosa podem ser observados no comportamento dos colaboradores e podem indicar a ocorrência desse fenômeno. Alguns desses sinais incluem:
- Queda na produtividade;
- Falta de entusiasmo em atividades de equipe;
- Comunicação escassa;
- Menor dedicação às tarefas;
- Desinteresse por promoções internas;
- Resistência em assumir outras responsabilidades;
- Falta de resposta em situações urgentes fora do horário de trabalho.
É essencial que os líderes e o RH estejam atentos a essas características de desinteresse no trabalho. Esses sinais podem ser indícios de uma demissão silenciosa.
Por isso, é preciso um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, permitindo que os colaboradores priorizem sua saúde mental sem comprometer seu comprometimento com o trabalho.
Quais são as consequências da demissão silenciosa?
A demissão silenciosa não se resume apenas à demissão em si. Ela acarreta várias desvantagens para o clima e o ambiente de trabalho. É crucial que a empresa consiga identificar o problema antes que se espalhe irreversivelmente, prejudicando seus resultados e metas.
Uma das primeiras medidas a serem tomadas é utilizar ferramentas de recrutamento e seleção que possibilitem uma melhor compreensão das competências dos candidatos que desejam ingressar na organização.
Dessa forma, ao conhecer suas habilidades e experiências, o recrutador poderá antecipar possíveis casos de quiet quitting.
Agora, vamos entender quais são as consequências desse fenômeno:
Desmotivação das equipes
A demissão silenciosa age como uma erva daninha. Aqueles que adotam essa postura tendem a “contaminar” os outros membros da equipe, fornecendo justificativas para esse comportamento.
Geralmente, essas pessoas usam exemplos para validar sua posição, comparando a organização com outras ou ressaltando o que consideram como desvantagens. Assim, toda a equipe fica desmotivada.
Ambiente de trabalho desagradável
Como resultado desse processo, ocorre um ambiente de trabalho pesado, onde os funcionários encaram o trabalho como um fardo, um compromisso obrigatório. Isso impede que os colaboradores se desenvolvam e cresçam profissionalmente.
Aumento das taxas de absenteísmo e turnover
Com as equipes desanimadas e um ambiente de trabalho desfavorável, é inevitável o aumento das taxas de absenteísmo e turnover.
Por isso, é importante que as empresas estejam atentas aos sinais da demissão silenciosa, para tomarem medidas com o intuito de combater o absenteísmo e o turnover.
Perda de credibilidade no mercado
Essa desconexão com a rotina de trabalho também afeta como o mercado enxerga a organização. Afinal, os colaboradores são os principais representantes da marca – assim como podem ajudar a construir sua reputação, também podem arruiná-la, causando danos à sua imagem.
Resultados aquém do esperado
Se os colaboradores não têm o comprometimento para alcançar as metas, como a empresa poderá ter sucesso? Quando alguém pratica a demissão silenciosa, sua produtividade fica limitada e não se esforça para melhorar, pois acredita estar fazendo o suficiente.
Essas pessoas não buscam o crescimento na carreira. Essa é uma das principais razões pelas quais a demissão silenciosa é tão prejudicial para uma empresa.
E o que diz a lei sobre a demissão silenciosa?
Apesar de ser um fenômeno recente, é importante verificar o que a legislação trabalhista diz e quais são as consequências legais desse cenário, que podem variar de acordo com cada situação
De acordo com o artigo 482 da CLT existem casos de demissão por justa causa, também conhecidos como desídia, que estão relacionados à negligência do trabalhador no desempenho de suas atividades profissionais.
Na prática, isso se refere à falta de empenho ou desinteresse por parte do funcionário em cumprir suas obrigações, incluindo um alto número de faltas não justificadas.
No contexto da demissão silenciosa, a empresa precisa avaliar cuidadosamente a situação, levando em consideração o histórico profissional do colaborador e a gravidade de sua conduta.
Portanto, se o trabalhador deixar de cumprir suas tarefas conforme esperado pela empresa ou se houver um grande número de faltas sem justificativas com o intuito de ser demitido sem justa causa, a empresa pode demiti-lo por justa causa.
No entanto, uma simples queda no desempenho do funcionário não configura em uma rescisão por justa causa. Por isso, é preciso observar todos os sinais e ter certeza que as ações desse colaborador é para ser demitido.
Como lidar com casos de demissão silenciosa na empresa?
Primeiramente, para lidar com os desafios da demissão silenciosa, é preciso compreender os motivos que levam os profissionais a optarem por essa forma de desligamento.
Dessa forma, é muito importante manter a comunicação com os colaboradores, através de feedback frequentes e pesquisas de climas. Além disso, os KPI’s podem ajudar bastante a identificar algo que não esteja indo bem.
Outro aspecto importante para a empresa combater o quiet quitting é realizar uma autoavaliação sobre como tem sido a estratégia de valorização dos colaboradores, incluindo aspectos como salários condizentes com as funções, benefícios, plano de carreira e remuneração.
Além disso, é essencial investir no bem-estar e na saúde mental dos colaboradores, implementando ações que permitam a cada um enxergar seu propósito dentro da empresa.
Portanto, a principal dica é que as organizações não ignorem a demissão silenciosa, mas sim avaliem como elas podem agir para que seus colaboradores não pratiquem algo tão prejudicial para ambas as partes.
Conclusão
A demissão silenciosa é um fenômeno recente que revela uma mudança na percepção dos profissionais sobre sua participação nas empresas e isso exige a atenção das empresas.
As empresas, principalmente o setor de RH, devem acompanhar de perto esses desafios, compreendendo como se adaptar a eles. Além disso, devem incorporar em sua própria cultura a valorização, o cuidado e o bem-estar dos colaboradores .
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